segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Jerome Roos e a incógnita que se tornou o futuro da ordem mundial ante aos contornos dos novos ventos, desde o ressurgimento da extrema direita no espaço da União Europeia ao BREXIT e à eleição de Donald Trump para Presidente dos EUA!

UM SISTEMA EM RUÍNAS E A SAÍDA POSSÍVEL



Vitória de Trump sela o declínio da ordem mundial presidida pelos EUA. Como há um século, virão tempos áridos — e o fascismo é ameaça real. Para enfrentá-lo, é preciso nova esquerda

Jerome Roos, em Jacobine – Outras Palavras - Tradução: Inês Castilho

Um terremoto político acaba de criar uma fenda no mundo. Não pode haver dúvidas de que a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos marca um ponto de ruptura na política norte-americana e na ordem liberal internacional estabelecida ao fim da Segunda Guerra Mundial. Nada será igual depois disso. Mas é crucial recordar que este momento vem sendo construído há um longo tempo.

Nos últimos anos, os pilares gêmeos do sistema mundial do pós-guerra – mercados capitalistas globais e instituições democráticas liberais – vêm declinando consistentemente, sob as tensões de uma crise estrutural de financialização e uma crise profunda de legitimação do establishment político neoliberal. O choque dessa eleição indica que a dupla crise finalmente emergiu. O próprio Trump irá ao fim mudar, mas a crise que sua ascensão expressa irá supurar e finalmente transbordar a capacidade regulatória até mesmo do Estado mais poderoso do mundo. Estamos agora nos dirigindo firmemente em direção ao tipo de caos sistêmico mundial previsto pelos sociólogos Giovanni Arrighi e Beverly Silver na virada do século.

Aqui poderíamos dispensar imediatamente um mito disseminado e perigoso: a ascensão de Trump não pode ser atribuída apenas à visão supostamente extremista e retrógrada da classe trabalhadora norte-americana. Nos EUA, pelo menos, a corrida para o populismo de direita parece ser uma resposta da classe média à dupla crise do capitalismo global e da democracia liberal. Como diz Paulo Mason, “Donald Trump ganhou a presidência – não por causa da ‘classe trabalhadora branca’, mas porque milhões de cidadãos norte-americanos de classe média e educados olharam fundo em sua alma e lá encontraram, depois de despir-se de todos os conceitos, um sorridente branco racista. Além de reservas inexploradas de misoginia.”

Foi essa classe média branca, especialmente de homens, que deu a Trump a presidência: a maioria daqueles que ganham menos de US$ 50 mil por ano votou para Hillary, enquanto a maioria daqueles que ganham mais do que isso votou para Trump. Quase dois em cada três homens brancos, 63% no total, votou no candidato de extrema direita republicano. Mas esses números certamente revelam um cenário desconcertante sobre o racismo profundamente enraizado no coração da sociedade americana. Ao fim e ao cabo, Trump de fato amealhou uma parcela do voto popular ainda menor do que Bush, Romney ou McCain. Trump não venceu porque era popular; Hillaryb é que perdeu por ser tão extremamente impopular.

A pergunta que deveríamos fazer agora é por que eleitores brancos de classe média se sentiriam confortáveis com a eleição de um candidato abertamente racista e sexista como Trump. E aqui não poderíamos evitar as complexas interações entre fatores culturais e econômicos. A literatura acadêmica do populismo de direita e do sentimento anti-imigrante tem tratado essa relação, muito frequentemente, como algum tipo de dicotomia. Na verdade, as duas estão profundamente interligadas e não podem ser separadas uma da outra: é o medo existencial gerado pela intensa insegurança socioeconômica que provoca a emersão de preconceitos etnocêntricos profundamente assentados. Num clima de ansiedade, moldado por décadas de reestruturação neoliberal e anos de crise econômica, a sedução de um líder forte e a identificação de um conjunto de bodes expiatórios podem irresistíveis para muitos.

Embora Trump claramente não seja nem carismático nem honesto, Noam Chomsky essencialmente previu, há seis anos, os passos que levariam a uma “enlouquecida” vitória eleitoral republicana de direita:

“Se aparecer alguém carismático e honesto, este país estará em apuros por causa da frustração, desilusão, raiva justificada e ausência de qualquer resposta coerente. O que as pessoas devem supostamente pensar se alguém diz ‘Eu tenho a resposta, nós temos um inimigo’? Já houve os judeus. Agora serão os imigrantes ilegais e os negros. Dirão que temos de nos defender e à honra da nação. As forças militares serão exaltadas. As pessoas serão espancadas. Isso poderia tornar-se uma força avassaladora. E se isso acontecer, será mais perigoso do que na Alemanha. Os Estados Unidos são um poder mundial, a Alemanha era poderosa mas tinha antagonistas mais poderosos. Não acho que isso tudo esteja muito longe. Se as pesquisas são confiáveis, não serão os republicanos, mas os republicanos de direita, os republicanos enlouquecidos que levarão a próxima eleição.”

Por fim, a “frustração, desilusão e raiva justificada” que alimentaram a vitória de Trump têm raiz não apenas na péssima gestão da crise financeira global e da Grande Recessão; mas remonta a quatro décadas de globalização econômica e declínio democrático que a precederam. Esse é um ponto crucial. Afinal, se Trump fosse meramente um sintoma da crise financeira, uma retomada econômica sustentável poderia eventualmente miná-lo. Mas se, ao contrário, sua ascensão é de fato o resultado de um conjunto mais profundo de contradições do capitalismo global e da democracia liberal, os fatores que alimentaram sua vitória irão provavelmente persistir – e o sentimento antiestablishment irá provavelmente intensificar-se.

Em A Grande Transformação, Karl Polanyi identificou um conjunto muito similar de desenvolvimentos que levavam a uma ruptura da ordem mundial liberal no início do século 20. Como ele apontou, o ascenso do fascismo não foi apenas resultado da Grande Depressão, mas, ainda mais importante, da liberalização extensiva dos mercados mundiais na primeira onda de globalização do século dezenove. Para Polanyi, foi a desvinculação das relações econômicas de todas suas restrições sociais, a mercantilização de esferas da vida que estavam até então protegidas dos “caprichos do mercado”, e as profundas inseguranças sociais geradas por essa “grande transformação” que finalmente impulsionaram o crescimento de contramovimentos nacionalistas contra o liberalismo econômico – um retrocesso popular contra as altas finanças cosmopolitas, personificadas pelo estereótipo racista do judeu ganancioso, e contra o establishment político da época.

Donald Trump, o bilionário magnata do setor imobiliário com seu estilo de vida luxuoso e cosmopolita não convencional não é, claramente, um simples fascista ou nacional-socialista do tipo de 1930. Mas embora a história não se repita, literalmente, há ao menos um aspecto importante no qual a situação de hoje ao menos assemelha-se aos tempos de Polanyi. O que estamos testemunhando neste momento parecem ser os estágios iniciais de um prolongado processo de fragmentação política, polarização ideológica e decomposição institucional que serão marcadas pela intensificação do caos sistêmico e uma escalada de conflitos políticos que atingirão a todos. Não é nada improvável que esses desenvolvimentos culminem, ao fim, num colapso gradual da Pax Americana, exatamente como a desordem global do período entre-guerras levou ao fim da Pax Britannica.

Essa crise, em outras palavras, é estrutural – e Trump não deveria ser visto isoladamente. Entre o Brexit, Marine Le Pen na França, Alternativa para Alemanha (AfD), Aurora Dourada na Grécia, Geert Wilders na Holanda e Viktor Orban na Hungria, o nacionalismo de extrema-direita está crescendo em ambos os lados do Atlântico. Se incluímos o golpe constitucional no Brasil e o contragolpe de Erdogan na Turquia, podemos até estender essa mesma linha de análise aos países emergentes. A desordem política prevista por Arrighi e Silver está se tornando consistentemente generalizada. A crise da democracia nacional e o renascimento do nacionalismo econômico são, claramente, um fenômeno internacional. Com razão, o economista político Mark Blyth refere-se a isso como “Trumpismo Global”.

Essa onda de ódio anti-establishment continuará a espalhar-se, e deveríamos esperar novos choques nos meses e anos à frente – talvez mais precisamente na Itália, onde o primeiro ministro Matteo Renzi parece prestes a perder um referendo constitucional no fim deste ano– o que pode ressuscitar a crise da dívida da Eurozona, que ficou latente desde que os governos da União Europeia esmagaram um outro governo antiestablishment de curta duração na Grécia, ao passado. Há poucas dúvidas, portanto, de que 2016 ficará para a história como o corolário político de 2008. A crise do capitalismo global e da democracia liberal vai continuar a aprofundar-se, e as coisas irão ficar provavelmente muito piores antes que venham a melhorar.

Nossa resposta a essa crise deve ser guiada pela observação de Walter Benjamin de que a ascensão do fascismo é sempre um indicador de uma revolução fracassada. Agora, mais que nunca, precisamos de uma esquerda revigorada e movimentos sociais fortes para construir poder coletivo a partir de baixo. Apenas uma democracia radical pode superar as ruínas da ordem liberal decadente e derrotar a direita antes que ela cause dano irreversível a nosso planeta e a seus habitantes. Esse é o momento para nos organizar e intensificar nossas lutas.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Por razões que a minha razão incompreende (...) pasme-se, mas a verdade é que este mundo está de loucos!!!

EUA: AS RAZÕES OCULTAS DO VENDAVAL TRUMP


Candidato não se alimenta apenas do grotesco. Ele captou revolta do americano médio contra o establishment político, a oligarquia financeira, a mídia arrogante. Por isso, poderá surpreender até o fim

Ignacio Ramonet – Outras Palavras - Tradução: Inês Castilho

Segundo alguns, e ainda que faltem dois meses para as eleições presidenciais do próximo 8 de novembro, nos Estados Unidos, o cenário está claro: a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton, seria eleita e se converteria – vencendo uma série de preconceitos machistas – na primeira mulher a governar os destinos da principal potência mundial do nosso tempo.

A pergunta é: o que aconteceu com o candidato do Partido Republicano, o tão “irresistível” e mediático Donald Trump? Por que, de repente, o magnata despenca nas pesquisas? [1] Sete em cada dez estadunidenses não se sentiriam “orgulhosos” em tê-lo como presidente, e só 43% o julgariam “qualificado” para sentar-se no Salão Oval (enquanto que 65% julgam, ao contrário, que a sra. Clinton está qualificada) [2].

Convém recordar que, nos Estados Unidos, as eleições presidenciais não são nacionais, nem diretas. Trata-se, isso sim, de cinquenta eleições locais, uma por estado, que determinam um número preestabelecido de 538 grandes eleitores. São eles, na verdade, quem elege o (ou a) chefe de Estado. Por isso, as pesquisas de nível nacional têm apenas um valor indicativo e relativo (3).

Diante de sondagens tão negativas, o candidato republicano remodelou sua equipe em meados de agosto e nomeou um novo chefe de campanha, Steve Bannon, diretor do site ultraconservador Breitbart News Network. Também começou a mudar seu discurso em direção a dois grupos decisivos, os afro-americanos e os hispânicos.

Trump conseguirá inverter a tendência, para impor-se na reta final da campanha? Não se pode descartar. Porque este personagem atípico, com suas propostas grotescas e suas ideias sensacionalistas, desbaratou até agora todos os prognósticos. Diante de pesos pesados como Jeb Bush, Marco Rubio ou Ted Cruz, que contavam com o resoluto apoio do establishment republicano, muito poucos viam-no vencendo as primárias do Partido Republicano – mas ele carbonizou seus adversários, reduzindo-os a cinzas.

É preciso entender que, desde a crise financeira de 2008 (da qual ainda não saímos), já nada é igual em lugar nenhum. Os cidadãos estão profundamente desencantados. A própria democracia, como modelo, perdeu credibilidade. Os sistemas políticos foram sacudidos até a raiz. Na Europa, por exemplo, multiplicaram-se os terremotos eleitorais (entre eles, o Brexit). Os grandes partidos tradicionais estão em crise. E em toda parte percebe-se o ascenso de formações de extrema direita (na França, na Áustria e nos países nórdicos) ou de partidos anti-sistema e anticorrupção (Itália, Espanha). A paisagem política parece radicalmente transformada.

Esse fenômeno chegou aos Estados Unidos, um país que já conheceu, em 2010, uma onda populista devastadora, encarnada então pelo Tea Party. O aparecimento do multimilionário Donald Trump na corrida pela Casa Banca prolonga aquela onda e constitui uma revolução eleitoral que nenhum analista soube prever. Ainda que sobreviva, aparentemente, a velha bicefalia entre democratas e republicanos, a ascensão de um candidato tão heterodoxo como Trump constitui um verdadeiro terremoto. Seu estilo direto, popularesco, e seu personagem maniqueísta e reducionista, apelando aos baixos instintos de certos setores da sociedade – muito diferente do tom habitual dos políticos estadunidenses – conferiu-lhe um caráter de autenticidade aos olhos do setor mais decepcionado do eleitorado da direita. Para muitos eleitores irritados com o “politicamente correto”, que acreditam que não se pode dizer o que se pensa sob pena de ser acusado de racista, a “fala livre” de Trump sobre os latinos, os imigrantes ou os muçulmanos é percebida como um autêntico desabafo.

O candidato republicano soube interpretar o que poderíamos chamar a “rebelião das bases”. Melhor do que ninguém, percebeu a fratura cada mais maior entre as elites políticas, econômicas, intelectuais e midiáticas, por um lado, e a base do eleitorado conservador, por outro. Seu discurso violentamente anti-Washington e anti-Wall Street seduziu particularmente os eleitores brancos, pouco cultos e empobrecidos pelos efeitos da globalização econômica.

É preciso lembrar que a mensagem de Trump não é semelhante à dos partidos neofascistas europeus. Não é um ultradireitista convencional. Ele próprio define-se como um “conservador com sentido comum” e sua posição, no leque da política, se situaria mais exatamente à direita da direita. Empresário multimilionário e estrela arquipopular da tele-realidade, Trump não é antisistema, nem – é claro – um revolucionário. Não censura o modelo político em si, mas sim os políticos que o têm dirigido. Seu discurso é emocional e espontâneo. Apela aos instintos, ao fígado, não ao cérebro, nem à razão. Fala para essa parte do povo estadunidense entre a qual começaram a se espalhar o desânimo e o descontentamento. Dirige-se a gente que está cansada da velha política, da “casta”. E promete injetar honestidade no sistema; renovar nomes, rostos e atitudes.

Os meios de comunicação deram grande divulgação a algumas de suas declarações e propostos mais odiosas, patafísicas ou “ubuescas”. Recordemos, por exemplo, sua afirmação de que todos os imigrantes ilegais mexicanos são “corruptos, delinquentes e violentadores”. Ou seu projeto de expulsar os 11 milhões de imigrantes ilegais latinos, que quer enfiar em ônibus e tirar do país, enviando-os para o México. Ou sua proposta, inspirada no seriado Game of Thrones, de construir um muro fronteiriço de 3.145 quilômetros ao longo de vales, montanhas e desertos, para impedir a entrada de imigrantes latino-americanos e cujo orçamento de 21 bilhões de dólares seria financiado pelo governo do México. Nessa mesma ordem de ideias, anunciou que proibiria a entrada de todos os imigrantes muçulmanos… E atacou com veemência os pais de um oficial estadunidense de religião muçulmana, Humayun Khan, morto em combate em 2004, no Iraque.

Também sua afirmação de que o casamento tradicional, formado por um homem e uma mulher, é “a base de uma sociedade livre”, e sua crítica à decisão da Corte Suprema, de considerar o casamento entre pessoas do mesmo sexo como um direito constitucional. Trump apoia as chamadas “leis de liberdade religiosa”, incentivadas pelos conservadores em vários estados, para negar serviços a pessoas LGBT. Sem esquecer suas declarações sobre o “engodo” das mudanças climáticas que, segundo Trump, é um conceito “criado pelos e para os chineses, para fazer com que o setor industrial estadunidense perca competitividade”.

Esse catálogo de necessidades horripilantes e detestáveis foi, repito, maciçamente difundido pelos meios de comunicação dominantes, não só nos Estados Unidos, mas no resto do mundo. E a principal pergunta que muita gente se coloca é: como é possível que um personagem com ideias tão lamentáveis consiga uma audiência tão considerável entre os eleitores estadunidenses que, obviamente, não podem estar todos lobotomizados? Algo não se enquadra.

Para responder a essa pergunta, foi necessário derrubar a muralha informativa, analisar mais de perto o programa completo do candidato republicano e descobrir quais outros pontos fundamentais, silenciados pelas grandes mídias, ele defende. Elas não lhe perdoam, em primeiro lugar, que ataque de frente o poder midiático. Criticam-no constantemente por incentivar o público em seus comícios a vaiar a mídia “desonesta”. Trump só afirma: “Não estou competindo contra Hillary Clinton, estou competindo contra os meios de comunicação corruptos”. [4] Em um tweet recente, por exemplo, escreveu:”Se os meios de comunicação repugnantes e corruptos me cobrissem de forma honesta e não introduzissem significados falsos nas palavras que digo, estaria ganhando de Hillary por uns 20%.

Por considerar a cobertura midiática injusta ou distorcida, o candidato republicano não teve dúvidas em retirar, de várias publicações importantes, as credenciais de imprensa para cobrir seus atos de campanha. Entre outros, Washington Post, Politico, Huffington Post eBuzzFeed. Atreveu-se a atacar a Fox News, a grande cadeia do direitismo panfletário, apesar de esta, no fundo, apoiá-lo como candidato favorito…

Outra razão pela qual os grandes meios de comunicação atacam Trump é porque denuncia a globalização econômica, convencido de que esta acabou com a classe média. Segundo ele, a economia globalizada está levando cada vez mais gente ao fracasso. O candidato recorda que, nos últimos quinze anos, mais de 60 mil fábricas tiveram de fechar nos Estados Unidos, e quase cinco milhões de empregos industriais bem remunerados desapareceram. É um protecionista fervoroso. Propõe aumentar os tributos sobre todos os produtos importados. “Vamos recuperar o controle, faremos com que os Estados Unidos voltem a ser um grande país”, afirma, retomando seu slogan de campanha.

Partidário do Brexit, Donald Trump revelou que, se chegar à presidência, também retirará os EUA do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, em inglês). Também investiu contra o Acordo de Parceria Transpacífica (TPP, em inglês) e assegurou que estará fora. “O TPP seria um golpe mortal para a indústria dos Estados Unidos”, declarou.

Em regiões como o rust belt, o “cinturão da ferrugem” do nordeste dos EUA, onde as deslocalizações e o fechamento de fábricas provocaram altos índices de desemprego e pobreza, esta mensagem cala fundo. Assim como seu repúdio aos cortes neoliberais impostos à seguridade social. Muitos eleitores republicanos, vítimas da crise econômica de 2008 ou que têm mais de 65 anos, precisam recorrer ao Social Security(aposentadorias) e ao Medicare (saúde pública), que o presidente Barack Obama desenvolveu e que outros líderes republicanos querem eliminar. Trump prometeu não tocar nestas conquistas sociais, reduzir o preço dos medicamentos, ajudar a resolver os problemas dos “sem teto”, reduzir os impostos pagos pelos pequenos contribuintes e suprimir o imposto federal que pesa sobre 73 milhões de famílias modestas.

Contra a arrogância de Wall Street, Trump propõem aumentar significativamente os impostos dos gestores de hedge funds, que ganham fortunas, e apoia o restabelecimento da Lei Glass-Steagall. Aprovada em 1933, em plena depressão, esta lei separou os bancos tradicionais dos bancos de investimento, para evitar que os primeiros pudessem fazer investimentos de alto risco. É óbvio que todo o setor financeiro opõe-se absolutamente ao restabelecimento da medida.

Na política externa, Trump quer estabelecer uma aliança com a Rússia, para combater com eficácia o Estado Islâmico. Embora, para isso, Washington tenha de reconhecer a anexação da Crimeia por Moscou. Também, e ao contrário de muitos líderes de seu partido, declarou que apoia o restabelecimento de relações entre os Estados Unidos e Cuba.

Todas estas propostas não invalidam, em absoluto, as inaceitáveis e odiosas declarações do candidato reupublicano, difundidas com fanfarra pelos meios de comunicação dominantes. Mas explicam, sim, o porquê de seu êxito em amplos setores do eleitorado dos Estados Unidos.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Essa brincadeira com a nossa saúde não pode acabar impune!!!

Não pode mesmo! E a exoneração do anterior ministro não serve para acalmar os nossos ânimos. Ficou cometido um crime de "lesa pátria" que deve ser julgado, não somente em hasta pública, mas em sede de juízo. Onde para o Ministério Público como garante dos interesses da colectividade também!?!...